quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Intact Souls






"When you feel really low Yeah,

there's a great truth you should know

When you're young, gifted and black

Your soul's intact"





Quatro versões deste clássico dos early years do R&B...



Composta por Nina Simone e Weldon Irvine, Young, Gifted and Black foi lançado como single em 1969 pela RCA. Se tornou a música mais regravada do repertório de Nina, por artistas como Dionne Warwick, Donny Hathaway, Aretha, Bob Andy e Marcia Griffths (reggae version), entre outros... É uma musica bem afirmativa do negro na sociedade americana, já que Nina sofreu bastante com ela, tendo até que se mudar pra França. Sofrimento que corre na veia da música e da letra.



Aqui esta a Original, por Nina Simone



Tem essa Matadora da Aretha Franklin



Esta aqui dos Jamaicans Bob & Marcia



E esta numa pegada gospel do incrível Donny Hathaway






quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Start walkin'!

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Reforçando minha paixão pelos anos 60 está Nancy Sinatra na minha discoteca, com seu disco de estréia Boots, lançado em 1966 pelo selo Reprise, do papai Frank.
Este com certeza é um dos meus favoritos. Pop fácil de ouvir, com o charme inigualável da década.

Duvidei quando encontrei o disco na casa de um amigo e “peguei pra mim”. Conhecia Nancy pelos hits “These boots are made for walking” e “Somethin' Stupid” (dueto com o pai) e nada me chamava a atenção nela antes deste álbum. Porem, quando ouvi o play pela primeira vez, tive a certeza de tratar-se de um clássico.
Florido de deliciosos “covers” como Day Tripper e Run for Your Love, da dupla Lennon e Mc Cartney, a incrível It Ain’t me Baby, do Dylan, e a regravadíssima Flowers on the Wall, o disco suspira leveza e jovialidade pincelados por arranjos de metais e divisões de vozes como pediam os trios vocais da era Motown, assim como Nancy cantando mais grave do que deveria, com a garganta. Ela não nega de quem é filha quando divide as células rítmicas e pronuncia as consoantes com ênfase.
O disco inteiro é para “repeat” com incríveis arranjos do competente guitarrista Billy Strange, que também colaborou com Dean Martin, cantor da mesma pegada de Frank.
Estas diferenças caracteristicam um bom disco de pop. Além de todo charme da cantora, que imediatamente me faz pensar em colocar minhas botas brancas.

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Nancy Sinatra - Boots (1966)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Marquinhos, Caíques e Rafaéis


Na manhã de hoje tive uma visita ilustre aqui em casa: crianças sempre são bem vindas. Elas nos contam as verdades da vida. E como citei, hoje foi um dia de escutar verdades de uma delas.
Marquinho, 12 anos, morador de Mauá, gosta de dançar break! Filho de mãe analfabeta e pai segurança.
As oito da manha, me pego sob o olhar sábio de quem ainda não viveu, mas já sabe de algumas coisas. Particularidade de quem nasce e cresce na periferia. A realidade já bate à porta nos primeiros dias de vida.
Marquinho não é diferente. Gosta de Akon e Racionais (que a mãe logo chia quando rola o CD. Ela manda tirar na hora e “colocar o de crente que ela gosta”). Fez um show dos Rebeldes num “dia de domingo” e agora está montando outro, este agora só de break.

Gosto de observar as pessoas, e mais intrigante ainda é observar criança, sem os vícios adultos, escudos, barreiras, proteções, sem tudo isso. E como é grande a diferença de uma criada na “perifa”, e outra criada em apartamento, classe média. Intrigante! Moleques como Marquinho e Caíque (um outro amiguinho de 6, também de Mauá) parecem já ter a malícia da vida, a malandragem que é preciso pra sobreviver na selva. Enquanto outros da mesma idade, como meu irmão por parte de pai, Rafael, que vivem trancados, jogando vídeo game, não têm preparo pra isso ainda. Tudo isto é meio óbvio! Mas a questão é: o que é certo pra uma criança? Saber as verdades que as cercam logo nos primeiros anos, ou viver em um mundo de ilusão, da escola pra casa, MSN, jogos virtuais, carência suprida por coisas materiais?

Seria bom um meio termo, claro, mas ele não existe mais. Acho que a minha geração foi uma das ultimas a viver este tipo de coisa, os dois lados da moeda, molecada da rua, a maloquerada mais velha, skate, taco, exploração de terreno vazio, depois escola, inglês, família. Os pais não deixam mais seus filhos saírem pra rua. Hoje em dia, mal se conhece a vizinhança. Proteção desmedida. Por outro lado, já se deparar com os percalços da vida periférica logo ali, no centro de convivência que a prefeitura montou na sua esquina, também não creio que seja muito bom.

Esta diferença sempre me intriga. E me entristece o fato de não termos mais crianças que apenas queiram ser crianças. Por enquanto faço o que me cabe: converso com elas. Fiz uma coletânea pro Marquinho dançar. Já pro meu irmão, uma dose de rua resolveria.
=/

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

If that's your boyfriend he wasn't last night

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Conversando com um amigo baixista há uns tempos, me deparei com um lance que era exatamente o que eu queria ouvir naquele momento. Precisava de algo mas não sabia o que era, sabe? De repente, este video reluz na tela do pc e faz brotar em mim alguma humanidade que ainda me resta.


Meshell Ndegeocello é de quem estou falando. Baixista e cantora criada por pai saxofonista na Virgínia dos anos 70. Faz som desde criancinha. Nos 90 foi a primeira a assinar com a Maverick, selo da Madonna. Fez rap, fez jazz, fez soul, r&b, funk. Colaborou com Chaka Khan (!). Não se sabe se é homem ou mulher, voz de contralto sussurrando no ouvido.


Este vídeo é de 2002. Nele, ela mostra como sobreviver em meio ao massacre da indústria fonográfica americana: Meshell é MUSICISTA for real, e isso basta!
=D

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Red, Gold & Green

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então... não poderia falar de outra coisa agora que não fosse Hugh Mundell.

Mundell, que também atende pelo nome de Jah Levi, foi um cantor jamaicano que gravou seus poucos discos no fim dos anos 70 pro começo dos 80. Foram os de carreira Africa must be Free by 1983 (e versão dub), com produção de ninguém menos que Augustus Pablo, de 78; Time and Place e Jah Fire em 80; Mundell em 82 e Arise de 83, seu último play. Ele foi assassinado neste mesmo ano em Kingston por razões por mim ainda desconhecidas =/

O álbum em questão aqui é o Mundell... Há tempos que estou querendo dar meu "parecer" pra ele. Tenho ouvido todos os dias pelo menos 3 vezes. E sabe porque? Pq ele é inteiramente hipnótico!!! o disco todo parece ser uma faixa única, uma complementa a outra, uma continuação. Eu digo uma continuação pois, como já se sabe, o reggae não é exatamente um mar de variação harmônica: são dois, três acorde no máximo! Hugh ainda escolhe praticamente as mesmas tonalidades pros sons. E é aí que está o caráter hipnótico! Confesso até que tenho uma certa fascinação pela repetição de refrões e versos. Uma pena que a voz dele já não é mais a mesma do álbum de estréia, Africa must be Free by 1983, quando tinha 16, e foi o adolescente responsável por um dos melhores discos de Roots destes tempos, juntamente com o mestre Augustus.


Bem, mas voltemos ao assunto: Hugh agora adota novo produtor, Junjo, que também assina vários discos do Barrington Levi, inclusive o English Man.


O primeiro som já é pedrada. Logo na intro de metais já é possível detectar o caráter hit da música Jacqueline, que, numa pegada romântica, mostra que Mundell virou homem, perdeu a voz de garotinha e já pode até flertar (!). Continua com Rasta Have The Handle, ótima construção melódica a base de chiclete grudento e discurso rasta. Eba!!!


Going Places é dub refinado que dialoga perfeitamente com a voz. Destaque pra Red Gold & Green e 24 hours a Day, pegada reggae pop sem machucar ouvidos, óbvio.


Então retomando a sessão hipnose, Tell I a lie representa bem o que tento lhes dizer, juntamente com a maravilhosa Your face is Familiar, que fecha com chave de ouro, timbres não antes explorados de órgão e guitarra, Augustus pedrerando a dubilização na medida e voz bem trabalhada de Hugh Mundell! Tem lugar no meu coração!



Quer entender tudo isso?? Então toma:

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Africa must be Free by 1983

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Africa must be Free by 1983 Dubs


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Mundell

=D

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Pra começar...

então... pra começar, devo citar a minha última mania internética: os podcasts. Sei que devo estar um pouco atrasada no assunto, mas a minha mais valiosa descoberta (na iTunes store, mesmo) consiste num podcast muito honesto que trata dos famosos RIDDIMS jamaicanos, que nada mais são que beats usados por vários artistas em um mesmo disco. Ou seja, se o riddim é ruim, o álbum inteiro vai ser. Mas isso quase não acontece, o que acontece são versões ruins pra eles. hehehe...

O Reggae Riddim Update é esse podcast. Ora algumas boas informações sobre bons riddims e respectivas versões, ora versões ruins em reggae de canções de cunho radiofõnico, se é que vocês me entendem... Mas isso é de vez em quando... Isso aconteceu há uns tempos quando ouvi, na edição #19, uma versão do Shaggy para Umbrella, de Rihanna... adoro ele, mas tenho certeza que o cachê estava pela metade: o cara rima os primeiros 33 segundos do som. Depois o que sobra é a desanimadora chatice da cantora. Quer checar??? ok, depois não falem que eu não avisei:


Voltando ao assunto, se quiser conhecer um pouco do que se trata essa coisa de riddim, pode começar pela última edição do programa, #24, em que é apresentado o riddim "How could I live", com as ótimas de Junior Kelly, Prince Mohammed, Dennis Brown... O show começa com gravações do Bim Sherman (70's), vai pra Augustus, Johnny Clarke, e tome pedrada.

As outras edições não deixam a desejar, sempre alguma coisa que desperte a atenção. Você pode tanto assinar o podcast pelo iTunes quanto pelo próprio site.

Big Up to Joshua B!!!

Bem Vindo!

Um fim de tarde em sc: um pouco da minha rotina musical, capturada através de um sistema de som, um pc e uma vitrola.